Em 1ª Coríntios 11:6 está escrito: “Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu”. Recebemos uma pergunta muito proveitosa em nosso e-mail e aproveitamos para responder de maneira ampla. O uso do véu não é errado só não é necessário e não pode ser considerado doutrina. Precisamos considerar duas leis que os teólogos se utilizam e que são essas duas, verdadeiras:
1ª “Uma doutrina para ser considerada doutrina precisa de no mínimo duas passagens na Escritura”. Apesar de ser uma atitude elegante e simpática nada impede que uma mulher que não tenha seu cabelo cortado utilize um véu. Porém uma mulher que apare ou corte seu cabelo entra no campo da indecência e deve utilizar o véu. No verso 15 deste mesmo capítulo, Paulo fala que o cabelo comprido foi dado a mulher em lugar do véu. Usar o véu não é pecado, pecado é uma mulher aparar ou cortar seu cabelo. Não há outra Escritura que fale para a mulher utilizar o véu além desta de 1ª Coríntios 11:6.
2ª “Precisamos ler o que vem antes e depois de um versículo para que tenhamos o contexto do texto”. Paulo fala sobre como a mulher deve se comportar na igreja, fala que o homem não deve ter seu cabelo crescido e a mulher não pode ter seu cabelo cortado, este é o contexto. Ele não está querendo doutrinar sobre o véu como utensílio obrigatório na adoração na igreja.
"Paulo sustenta que o homem é a cabeça da mulher. Este fato subentende a subordinação da mulher. Deste modo, estabelece-se uma cadeia de comando: Deus, Cristo, o homem, a mulher. A partir desta proposição deduzem-se decorrências práticas. As mulheres estão erradas, se de qualquer forma, modificam suas diferenças em relação aos homens. Esta admoestação é verdadeira em qualquer circunstância. Paulo dá o exemplo da diferença no vestir. Uma das maneiras de se ver esta diferença estava na maneira dessas mulheres manterem o cabelo. Este devia permanecer de tal maneira que distinguissem os homens das mulheres. O cabelo da mulher simbolizava sua submissão e lealdade a seu marido (por causa do costume da época). Paulo também declara que o cabelo longo é uma vergonha para o homem."
Bíblia Explicada:
"A mulher cobria a cabeça nos dias de Paulo, como sinal de modéstia e subordinação ao marido, e para demonstrar a sua dignidade. O véu significava que ela devia ser respeitada e honrada como mulher casada. Sem véu, ela não tinha dignidade; os homens não respeitavam mulheres sem véu, pois deste modo elas se exibiam pública e indecorosamente. Sendo assim, o véu era um sinal do valor, da dignidade e da importância da mulher conforme Deus a criou (conceito da época). O princípio subjacente no caso do véu, ainda é necessário hoje. A mulher cristã deve vestir-se de modo modesto e cuidadoso, honroso e digno, para sua segurança e seu devido respeito aonde quer que vá. A mulher, ao vestir-se de modo modesto e apropriado para a glória de Deus, ressalta a sua própria dignidade, valor e honra que Deus lhe deu. Era costume oriental, no tempo dos apóstolos, a mulher cobrir o rosto com o véu quando andava nas ruas, porém podia dar-se o caso, enquanto ela lavava roupa no córrego, passar algum homem, e encará-la. Mesmo assim, no caso de não ter o véu disponível, teria um recurso: cobrir o rosto, com o seu cabelo comprido. Assim ela ter cabelo comprido lhe era "honroso", mostrando que não era mulher destituída de pudor.
”Contexto histórico:“
Era costume nas cidades gregas e orientais as mulheres cobrirem a cabeça, em público, salvo as mulheres devassas (prostitutas). Corinto estava cheia de prostitutas, que funcionavam nos templos (de Afrodite). Algumas mulheres cristãs, prevalecendo-se da liberdade recém achada em cristo, afoitavam-se em pôr de lado o véu nas reuniões da igreja, o que horrorizava as outras mais modestas. Diz-lhes o apóstolo que não afrontem a opinião pública com relação ao que é considerado conveniente à decência feminil. Homens e mulheres têm o mesmo valor à vista de Deus. Há, porém, certas distinções naturais entre homens e mulheres, sem as quais a sociedade humana não poderia existir. Mulheres cristãs vivendo em sociedade pagã (pessoas que não conhecem a Deus), devem ser cautelosas sem suas inovações, para não trazer descrédito à sua religião. Geralmente vai mal quando as mulheres querem parecer homens."
Análise:
A verdade é que o uso do véu era algo peculiar da igreja dos Coríntios, era um problema local. Não podemos transformá-lo em doutrina universal para a igreja! Mesmo porque, o apóstolo nunca jamais ensinou sobre o uso do cabelo e do véu para outras igrejas. Em nenhuma outra epístola iremos encontrar tal ensinamento. É oportuno chamar a atenção para dois textos do V.T sobre esse tema:
"Então, se rapará;" (aqui está se referindo a purificação do leproso, independentemente do sexo) Levítico 13:33.
"Então, a trarás para a tua casa, e ela (a mulher) rapará a cabeça.” (lei acerca da mulher prisioneira). Deuteronômio 21:12.
Nestes dois textos vemos a Lei de Deus determinar que o cabelo da mulher fosse rapado.
No primeiro caso temos a purificação da mulher leprosa, que quando curada da lepra tinha que rapar totalmente a sua cabeça. Depois, o caso da mulher que era presa nas guerras e trazida para o meio do povo de Deus, esta para ser recebida entre o povo, deveria rapar a cabeça.
Veja que Deus poderia curar a mulher leprosa sem ser necessário determinar que sua cabeça fosse rapada. Creio que a mulher capturada na guerra poderia ser recebida entre o povo judeu sem precisar mexer no seu cabelo, mas acredito que nesses textos Deus quer nos ensinar algo maravilhoso. A interpretação correta, do referido texto (I Cor. 11:1-16), ocorre pela comparação com Gênesis 38:14-15. Lendo bem os dois textos chega-se a conclusão que o que é pregado sobre o cabelo e o véu é um tanto, falta de informação e conhecimento de cultura e costumes bíblicos. Para os coríntios o cabelo (que era dado em lugar do véu), é sinônimo de santidade e honra, mas o mesmo véu em Gênesis é usado como disfarce para Tamar (nora de Judá) passar-se por uma prostituta. Não podemos entender isso se não levarmos em conta os costumes da época e seus valores históricos. Endossamos plenamente o que Paulo disse: "Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus" (1ª CORÍNTIOS 11:16).
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